Um noite vazia, um ser desperto, confissões do espírito suspensas na brisa.
A lua e as estrelas, minhas únicas cúmplices.
O mundo prossegue o seu curso, indiferente, meramente como se eu não existisse.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Presente ideal



Amanhã é véspera de Natal. Um dia muito importante para grande parte das famílias de todo o mundo, que se reúnem para uma ceia …. Blablabla
Sim todos sabemos o que é o Natal, mas hoje enquanto embrulhava os últimos presentes com a minha avó, constatei que o Natal já não me traz a satisfação de à alguns anos atrás. Provavelmente porque já sou velha para presentes, mas não é apenas isso. Há um espírito natalício que se perdeu, pois, na verdade, para mim sempre possuiu grande importância a reunião familiar e os preparativos. Os presentes nunca passaram de presentes e com o passar de tempo, menor valor lhes atribuo.
Chego à conclusão que não preciso deles. São só meras superficialidades sem sentido que se transformaram numa tradição, ou diria mesmo obrigação.
Eu sou obrigada a comprar presentes para quem não precisa deles e a gastar o meu tempo e dinheiro para receber em troca um sorriso falso e um “Gosto muito” fingido.
Agora os presentes chegam até mim como uma mera formalidade, uma “lembrança” e são comprados com um “talvez” e não com a certeza de que iria gostar.
Dava valor a alguém que me perguntasse o que realmente queria, porque a reposta a essa questão seria enorme. O problema é que o que realmente quero para este Natal não tem preço, nem se compra em lojinhas vulgares abertas a qualquer um. Nem a pessoa mais rica do mundo seria capaz de me oferecer a prenda ideal. Pois as coisas que quero não são palpáveis, ou visíveis, são coisas que só alguns vêem e desejam. Coisas que nem por palavras posso descrever. Demasiado complexas para serem traduzidas para qualquer língua. Coisas que nem os mais habilidosos pintores conseguem desenhar na tela e que os músicos não podem compor na exactidão.
Por isso minto. Minto dizendo que não há nada que quero, pois não adianta tentar explicar os meus verdadeiros desejos incompreendidos.
Sei que este Natal me vou emocionar ao abrir os presentes, contudo não será por felicidade devido ao encontro com o presente ideal, mas sim por ainda ninguém ter percebido que por baixo do embrulho vistoso, espero encontrar algo invisível, que para mim se torna luminoso, com o espanto de alguém ter finalmente acertado.

E apesar de tudo:


Desejo-vos um feliz Natal

domingo, 15 de novembro de 2009

Amizade



Esta nova colecção está cada vez maior, isto graças à minha amiga Nice and Sweet, que me atribuí estes selos fantásticos! Mais uma vez, muito obrigada (Nunca é demais agradecer)!

Muito bem, aqui estão as regras:

* Publicar o selo e indicar quem o enviou;
* Responder à pergunta "O que é para ti a verdadeira amizade?";
* Repassar aos blogs que considera amigos.


Para mim a verdadeira amizade é partilha, tolerância, boa disposição e amargura.
Sorrisos e lágrimas são confiados. Medos e sonhos.
Estar lá quando é preciso e não é.
Ter sempre uma palavra para dar.
Ser um abrigo na tempestade, uma luz na escuridão.

Ora, e aqui estão os blogs que considero amigos:

* Nice ande Sweet - Uma amiga "real" e verdadeira. Sempre lá para ouvir as minhas amarguras e mais do que pronta para as fofocas.

* Danças de mim - O blog da Terpsícore. Uma amiga que também não é virtual. Sempre lá quando é preciso e que, como eu, é uma grande fã da escrita.

Deixo aqui uma mensagem para todas as pessoas que possuem um blog:

Sigam-me!! Para eu poder fazer alguns amigos virtuais!!
Obrigada!

domingo, 8 de novembro de 2009

Grito




O mundo gritou aos meus ouvidos,
Como uma súplica dirigida a mim.
Aguda era a sua voz dura e melancólica,
Que me pedia auxilio.

Escutei as suas palavras sábias
E fechei os olhos.
Vi a sua dor,
Como se tudo acabasse no dia seguinte
E esperei...

Tudo se movia à minha volta
Numa tempestade de palavras e sons.
Ventos de mágoa e chuvas de letras,
Causando-me medo, pânico.

Parei, ouvi, senti…
Não queria pensar.
Se pensasse era o meu fim.

O vento arrastou-me,
Empurrando o meu corpo contra a chuva.
“Esquece tudo o que sentes,
O que ouviste,
O que és…

Renasce.
Um novo olhar,
Um novo pensamento.”

A primeira lágrima caiu,
Ecoando, pela primeira vez, no Universo.
Dando início a uma nova vida,
A uma nova era,
A um novo e frio ser.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Wallace e Gromit



Fui apanhada de surpresa, quando hoje, ao entrar no google, dei de caras com uma comemoração de mais um aniversário.
Sim, este site a que todos recorremos com moderação, tomando, por essa simples razão, um lugar primordial, quando necessitamos de realizar buscas na Internet, revelou-me uma data inesperada, fornecendo-me um sorriso que me inundou o rosto (Bem preciso de sorrir mais).
É sempre interessante quando somos recordados ou avisados de uma data especial, para a qual, se não fosse o google, não prestaríamos a devida atenção.

Assim, desejo os meus parabéns a: "Wallace e Gromit" - um filme de animação, que pelos vistos, hoje comemora o seu 20º aniversário!!


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Better Together"

Este post é dedicado a um grande fã do Jack Johnson, o Figueiras!!! Que durante uma aula me pediu para lhe dedicar um post e eu cumpro o que prometo. Espero que ele goste do post, assim como os meus leitores, uma vez que não tenho por hábito apresentar os meus gostos musicais.
Assim, deixo-vos com "better together" de Jack Johnson:



There's no combination of words
I could put on the back of a postcard,
No song that I could sing
But I can try for your heart,
Our dreams, and they are made out of real things,
Like a shoebox of photographs,
With sepiatone loving,
Love is the answer
At least for most of the questions in my heart ,
Like why are we here? And where do we go?
And how come it's so hard?
It's not always easy,
And sometimes life can be deceiving,
I'll tell you one thing, its always better when we're together

MMM, it's always better when we're together
Yeah, we'll look at the stars when we're together
Well, it's always better when we're together
Yeah, it's always better when we're together

And all of these moments
Just might find their way into my dreams tonight
But I know that they'll be gone,
When the morning light sings
And brings new things,
But tomorrow night you see
That they'll be gone too,
Too many things I have to do,
But if all of these dreams might find their way
Into my day to day scene
I'll be under the impression,
I was somewhere in-between
With only two,
Just me and you
Not so many things we got to do,
Or places we got to be
We'll sit beneath the mango tree now

Yeah, it's always better when we're together
MMM, We're somewhere in-between together
Well, it's always better when we're together
Yeah, it's always better when we're together

MmMMmm MmMMm MmMMm
I believe in memories
They look so, so pretty when I sleep
Hey now, and when, and when I wake up,
You look so pretty sleeping next to me
But there is not enough time,
And there is no, no song I could sing
And there is no combination of words I could say
But I will still tell you one thing,
We're better together

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Outono



Revolvi o roupeiro e finalmente encontrei algumas roupas quentes e confortáveis.
Foi com grande alegria que o fiz: procurar entre t-shirts e tops, algumas camisolas abandonadas e quentes, para o dia de chuva que me esperava.
Eu, como grande amante da natureza que sou, adoro todas as estações, mas começava a sentir falta do bom e velho Outono, para limpar este calor excessivo, provocado pelo aquecimento global.
Pela primeira vez este ano, calcei as botas e peguei no guarda-chuva, lançando-me, assim, para o temporal bem-vindo, que me aguardava fora de casa.
O vento, a chuva e as nuvens cinzentas... aquele sopro gelado que me provoca arrepios e ri-se quando o faz...
O Verão terminou e é altura de preparar a casa para o Outono que aí vem, amedrontado e silencioso.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

SIM



Estou cansada....
Bem sei, que a vida é mesmo assim... Trabalho imenso e muitas vezes para nada, mas os últimos dias têm sido de mais. Escusado será dizer que estou completamente de rastos! Por vezes, nem a dormir descanso...
Devido a todas estas tarefas, vou parar um pouco com as meditações filosóficas do meu espírito confuso, para me concentrar no meu presente. Estudos, (evidentemente) contudo pretendo viver o agora e aproveitar cada minuto. Vou fazer tudo o que puder e tentar dizer SIM, a todas as oportunidades e convites que surgirem.
Espero bem que esta nova filosofia valha a pena e tentar conciliar esta nova aventura do "SIM" com o trabalho, pode ser um pouco complicado!
Logo se verá...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Triste e Só



Quem me conhece quase nem suspeita,
dos medos escondidos dentro de mim,
e da mágoa refugiada neste canto obscuro do meu corpo.

Os sentimentos escondidos atrás de sorrisos e afectos,
A felicidade confundida.
Uma aparência como meu único disfarce.

Sou o que sou.
Um aglomerando de pensamentos,
Uma luz presa num corpo,
temendo este mundo.

Sou o que sou.
Um ser perdido no tempo e no espaço,
confundido entre galáxias e planetas,
que vive triste na solidão do Universo.

Viajo com comentas e meteoros,
meus companheiros na solidão,
governados pelo silêncio eterno.

Vivo com medo,
sozinha e triste.
Um ser como muitos outros,
disfarçado entre rostos sorridentes.

domingo, 18 de outubro de 2009

Blog Perfeitinho



A minha amiga Nice and Sweet atribuí-me este novo selo (Thank you!!). Mais um miminho para juntar a esta nova colecção!!

E aqui vão as regras:

- Postar o link de quem o indicou;
- Postar o selo;
- Passar o selo a 5 blogs;
- Responder às perguntas;


Mania : Bem... gatafunhar, andar sempre com um elástico no pulso (nunca se sabe quando se vai precisar dele) e recentemente descobri que tenho a mania de dizer: "É o quê?" - para a coscuvilhice.

Pecado capital: Tal com a Nice and Sweet, a gula sem dúvida alguma!

Melhor cheiro do Mundo : O do Mar.

Se o dinheiro não fosse problema : Viajava imenso e compras sempre que me apetecesse!

História de infância : Uma vez, agrafei o dedo quando brincava com a agrafador... Que dor!!

Habilidade como dona de casa: Arrumar e cozinhar.

O que não gosto de fazer em casa: Lavar a loiça e estender a roupa.... é um suplicio...

Frase preferida : "Deixa o passado para trás das costas."

Passeio para o corpo : Caminhadas pela natureza.

Passeio para a alma: Junto ao mar, num dia de Inverno.

O que me irrita : A teimosia excessiva.

Frase ou palavras que uso muito : Quando não me apatece trabalhar nas aulas costumo olhar para o relógio e dizer: "Faltam cinco minutos, já não vale a pena!" - Desculpa perfeita.

Palavrão mais usado : Não gosto de ouvir nem de dizer, mas quando saí é: m****.

Vou aos arames quando: Me acusam de coisas que não fiz ou sou.

Talento oculto: Hum... pode ser fazer muffins de chocolate e scones deliciosos??

Não importa que moda seja, eu não usaria nunca : Lenços na cabeça!!

Queria ter nascido a saber: Trabalhar com agulhas, não consigo fazer quase nada... Ainda por cima como sou canhota ninguém me consegue ensinar.


Os blogs que considero perfeitinhos são:

Terpsícore

(Com já disse, sou nova nisto dos blogs, por isso só considero este blog "perfeitinho")

domingo, 11 de outubro de 2009

Mudança



O tempo é frio e cortante, arrastando consigo a fragrância nostálgica de velhos tempos esquecidos. Momentos, pessoas e palavras que moldaram o ser estranho e inconstante que sou hoje, envolvendo-me em pensamentos e sentimentos que me incentivam a escrever neste momento, para deixar viva a memória desta vida em constante mudança, que em breve sofrerá uma reviravolta quase trágica.
O tempo avisa-me que o prazo está a acabar... Diz-me para viver, que em breve tudo mudará. Um tempo de agitação, com promessas e escolhas passando pela mente de todos.
Tudo irá mudar... Para melhor ou pior, ele já não me diz, apenas me adverte de que vou sentir saudades. Muitas saudades desta antiga vida que levo hoje.
Os pássaros, lá fora, cantam em sinal de compreensão. Também eles sentem o cheiro a mudança presente no ar e ouvem a minha mágoa fugir através dos meus lábios semi-abertos.
A muralha protectora que me isola é lentamente forçada e uma leve fenda é visível junto à pedra mais sensível. Está quase... Já sinto as pequenas partículas de poeira flutuando no ar e seguro o meu corpo numa posição protectora.
O medo é o meu inimigo constante que vive comigo e dentro de mim, sempre atento perante cada uma das minhas fragilidades e agora sinto-o cada vez mais presente, a cada dia que passa, torna-se mais forte e dominante.
Não sei se estarei pronta quando o dia chegar e o tempo também nada me diz à cerca disso. Egoísta, guarda o segredo do meu incerto futuro só para si, ocultando-me o que tanto pretendo saber.
Sinto os segundos a passar, os dias e os meses, como uma bomba relógio prestes a explodir.
A única coisa que o tempo me diz é que tudo vai mudar e os meus pássaros confidentes concordam com ele.

sábado, 3 de outubro de 2009

Este blog vicia!!!


A minha amiga e leitora nice and sweet atribui-me este selo (o meu primeiro, thank you) e vou agora citar as regras:

Exibir o selo
Oferecê-lo a 10 blogs
Mostrar as regras
E os vencedores são:



São só dois, mas eu ainda sou nova nisto dos blogs!

As coisas que eu gosto



Gosto do aroma matinal do ar,
Da frescura da noite,
Do perfume ténue do orvalho,
Da manta estrelada que cobre os céus
E das gémeas sombras.
Gosto de um mundo verde e azul,
Dos reflexos nas águas,
Da beira-mar pela manhã,
Da luta das ondas,
E de passeios nocturnos.
Gosto de uma noite gélida passada junto à lareira,
De chuviscos e aguaceiros,
Do sol quente nas costas,
De chocolate quente e gelados.
Gosto de botins e impermeáveis,
De sandálias e t-shirts.
Gosto da fusão de cores primaveris
E do cansaço do Outono.
Gosto de coisas simples e complexas,
Pequenas grandes coisas que mudam o mundo.
Gosto das coisas que por palavras não se descrevem.
De ser alguém e ninguém ao mesmo tempo
E da estranha conhecida que sou eu.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A aparência


"A aparência vai tomando conta até da vida privada das pessoas. Não importa ter uma existência nula, desde que se tenha uma aparência de apropriação dos bens de consumo mais altamente valorizados."

Agustina Bessa-Luís, Dicionário Imperfeito, Lisboa, Guimarães Editores, 2008


Foi-me proposto na aula de Português elaborar uma reflexão, partindo da prespectiva do exerto e como gostei dela, achei que seria bom colocá-la no blog. (este exercício pertence a um exame de 12ºano)

A aparência ilude-nos. Ilude-nos, a todos nós que somos homens e acreditamos que parecer é ser, e à sociedade dos nossos dias que é dominada pela aparência, onde tudo gira em torno deste fanatismo obsessivo por se ser portador de bens que demonstram superioridade em relação aos outros.
O mundo é de facto governado pela aparência, o que justifica a ambição dos homens por possuir. Ter é para o homem sinónimo de poder e cada vez mais a sociedade valoriza o superficialíssimo e rejeita tudo o que não inclua futilidade e exibicionismo. Este é o caso de pessoas cujo um dos maiores desejos é obter um carro último modelo, ou uma casa gigantesca com piscina. Luxos que tendem a mostrar aos outros o seu elevado poder.
Na realidade, uma pessoa com boa aparência que demonstre poder empreender o seu dinheiro em vaidades, é bem aceite na sociedade, pois aparenta riqueza, organização e estabilidade. Por essa razão é que a roupa ou os telemóveis são os bens mais procurados. Ninguém quer ser aquele que não se sabe vestir ou alguém que possui um telemóvel a preto e branco, fora de moda.
Contudo a verdadeira essência da vida é esquecida e as pessoas acabam rodeadas de bens dispensáveis e amizades compradas.
Como foi mencionado no excerto: “Não importa ter uma existência nula”, ser mais um ser esquecido entre muitos, ou alguém que passou pela Terra sem deixar a sua marca. Ter uma aparência perfeita é o essencial nos nossos dias.
E a verdade, é que todos nós caímos regularmente em julgar os outros pela aparência, ou então sermos nós mesmos a pessoa que tenta alcançar um estatuto social através do que aparenta ser e não da realidade.

(É provável que tenha abordado assuntos de mensagens anteriores)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Querer


Corpo ao vento, cabeça na lua. Um espírito perdido em mil e um pensamentos sem sentido e dúvidas superficiais.
Digo ao mundo que quero mudança, algo que me faça voltar ao extremo de serenidade e confiança. Quero o meu mundo consciente e seguro, um espírito forte e imperturbável, um corpo livre e uma vida diferente.
Voar nas asas do vento e fugir desta violente luta interior que me consume nos momentos de solidão.
Ser como as sementes de dente-de-leão e germinar num terreno novo e saudável.
Ser algo que sente e é sentido.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O tudo e o nada


O desejo do homem de possuir é o que o sustêm à terra, a força incontrolável de prosseguir nestes caminhos indistintos e improvisados. A luz que o incentiva e o faz viver. Mas tudo o que lhe pertence perde o seu valor pouco depois de ser conquistado. E o todo que para ele significava tudo, passa a ser nada.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ilusionista


Rostos que se confundem num único ser. Máscaras, fantasias e ilusões que levam os outros ao engano e desilusão.
Ser ilusionista é possuir o dom do engano, triunfando com o fracasso dos outros.
Iludir para aparentar ser o que não se é.
Ter mil faces e um objectivo desprezível.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Apenas escrevo


Os números e as letras confundem-se no meu ser, num nevoeiro de sons e palavras proferidos sem sentido, contendo significados ocultos que me são desconhecidos.
O rio do meu pensamento, agora, não é mais do que um pequeno curso de água límpida que se recusa a fluir nos meus gestos e palavras.
Linhas em branco que não posso preencher sem este dom divino da escrita. Escrever… este dom que me foi dado, agora simplesmente uma sombra no meu espírito, que muito anseia por descrever tudo o que sente.
Sei que me contradigo, pois agora escrevo palavras sem vida para saciar o meu desejo. A inspiração, neste momento, não é fruto das linhas que preencho, mas algo que outrora possuía. Outrora quando os meus dedos fluíam, desenhando em palavras memórias, crenças e histórias que agora se perdem sem rasto no meu pensamento.
Escrevo porque esse é o meu dever e o meu destino... a minha vida e morte.
Escrevo em prosa, porque é nela que encontro o meu refúgio e com ela, as minhas palavras voam com maior graciosidade.
Não sou poetisa, pois muitos pensam sê-lo quando na verdade não o são, arquitectando palavras em rima. Apenas palavras sem sentido.
Apenas escrevo… não sou poetisa, não sou escritora.
Um dom dos Deuses é este que possuo e a sua vontade será o meu destino: preencher estas linhas intactas com as minhas palavras pouco sábias.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mundo perdido


O beijo do vento roçou os rostos ocultos nas profundezas da vegetação, perdidos algures no mundo invisível que o homem parece não querer ver.
O vento é um eterno viajante que atravessa as terras perdidas sem receio, pois é livre e eterno. Com ele leva mensagens de esperança ou avisos de perigo.
Por vezes recados do mundo natural atingem o mundo civilizado, chamando os mais audazes e destemidos a visitá-lo. A deixar por momentos o mundo isolado do ser humano e penetrar nas profundezas do esquecido.
Um dos chamados fui eu. Chamada pelo vento e atraída para o desconhecido.
Nas terras perdidas senti-me uma intrusa. Num meio perfeito e puro, tão complexo e tão simples como um sonho de criança. Em equilíbrio.
Os seres escondidos na vegetação aproximaram-se num gesto curioso e miraram-me como uma estranha criatura vinda de outro mundo. Apesar de não me reconhecerem eu era sua irmã. Como todos os homens são irmãos de todos os seres vivos. Todos nós descendentes de um antepassado comum e agora tão distintos que nem nos reconhecemos.
Inspirei as essências do mundo perdido e o meu corpo levitou com a força do vento que arrastava consigo palavras da natureza para mim. Ouvia inúmeras vozes que se confundiam num turbilhão de sons harmoniosos e todas elas diziam num sussurro:
"Bem-vinda a casa..."

domingo, 19 de abril de 2009

The moon


The moon looks at me at nigth,
like the sun looks at me at day.
Always careful
always worried.
Attentive to my steps,
attentive to my gestures,
following my walk,
spying my words,
listening to my fears and anxieties,
saving all my joys.
I know that she will always be there,
protecting me from the dangers of the night,
the evil around me.
Protects me like I was her friend,
like I was her sister...

sábado, 18 de abril de 2009

O tempo não espera


Um dia, depois outro e mais outro…
O tempo não espera por ninguém e os ponteiros da minha existência continuam a girar numa dança interminável. Rodopiando em círculos sucessivos, contando cada segundo que desperdiço e cada minuto que aproveito. Gostava de por vezes dizer: “Espera! Só mais um pouco!”, mas esta capacidade sobrenatural não me foi atribuída.
Por vezes o tempo parece escapar com uma brisa que se arrasta sobre mim, levando minutos preciosos através de uma janela aberta.
E há sempre aquelas alturas em que o chão firme que construímos parece desmoronar-se, destruindo a solidez da nossa vida, tornando-a aberta e sem rumo. Aí apercebo-me que o meu único e pior inimigo sou eu. O meu ser inimigo de si mesmo, que faz o tempo entrar em colisão dentro de mim num rodopio infernal de ponteiros.
Então deito-me e fecho os olhos… As imagens vão surgindo no meu mundo imaginário. Visto umas vestes negras e aventuro-me pela noite como um gato preto na cidade, ágil e silencioso, e trepo pelas entranhas da minha mente sempre cautelosa em busca dos meus fantasmas algures escondidos em recantos longínquos de lembranças passadas ou em medos futuros. Aproximo-me apurando os meus sentidos e liberto instintos outrora esquecidos.
Porque quando fecho os olhos posso ser o que quiser e os meus fantasmas nunca passarão de fantasmas.
E aí o tempo para… só aí… para eu poder ser eu mesma…

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O caminho da razão


O caminho da razão é um longo percurso pelos matos selvagens da existência, um caminho entre as árvores da sabedoria popular, supersticiosa e lendária. Um rumo sem fim entrelaçado e confuso onde é possível um ignorante perder-se entre a beleza das flores mais exóticas, fonte de distracção e de engano. E se não forem as flores de múltiplas cores e odores aliciantes, são as silvas com os seus espinhos aguçados que deterão aquele que ambicione a razão.
Quem sabe se não será apenas o canto enganador dos pássaros alheios e inoportunos que fará tropeçar o mais valente dos aventureiros.
Muitos são aqueles que ousam entrar no caminho da razão, alcançar a fonte da sabedoria e as respostas a todas as perguntas do ser humano. As questões que a ciência não pode explicar e que geram uma torrente de ideias absurdas e supersticiosas na mente de um ser pensante. Contudo ainda nenhum ser sensível e racional atravessou os perigos escondidos entre as árvores e arbustos traiçoeiros.
Nem o mais bravo e mais valente pode resistir às tentações do mundo e evitar perder o rasto ao caminho da razão.
Todo o conhecimento é demasiado para um homem só e por isso o caminho da razão continua a alimentar as esperanças dos mais ambiciosos, mas sempre será um mito ou lenda. Um caminho perdido algures no meio do mato com um destino infinito.
E nem o mais bravo. Nem o mais bravo pode alcançá-lo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A World


I dreamt with a world of light
A world of hope
A world of creativity
A world of stories and memories
A world of choices and goals
A world of legends and myths
A world of wise and ignorance
Where you exchange glances, words and gestures
Amazements, mysteries and secrets
Cries, tears and smiles
A world where you give the arm and not the hand
A world that was built step to step

And in the end, I discovered that this world was our ...
… but sometimes we don’t recognize it

sábado, 7 de março de 2009

Estabilidade


Com as mãos cansadas e sem energia retirei um pouco de areia das dunas. Abri a palma da mão e os grãos dispersaram, arrastados pela brisa num dos seus trajectos pela praia.
Um súbito sopro gélido causo-me arrepios e abracei o meu corpo. O vento intenso agitava-me os cabelos cortando-me a visão sobre o mar que o acompanhava, turbulento e monstruoso, lançando para terra gigantescas ondas claras, como na tentativa de afastar potenciais inimigos das águas. Mantive-me firme perante aquelas ameaças, pedindo em simultâneo para que um pouco de calor me encorajasse a não desistir, sabendo perfeitamente que com a chegada da noite o frio avançaria impiedoso sobre mim.
Sentada nas dunas, junto às ervas rasteiras, concentrei o meu olhar no mar deixando-me envolver pela sua música e pelo seu cheiro a sal. O Sol escondia-se atrás das ondas pintando os céus de uma tonalidade vermelha.
Por instastes o meu pensamento divagou para um mundo oculto, no qual nos perdemos facilmente entre a verdade e a mentira. Neste mundo não alcançamos nenhuma conclusão concreta ou concisa, são tudo meras opiniões que guardamos connosco no íntimo do nosso ser.
Sabia que apesar de sozinha, escondida do mundo social, sentia-me completa. Como compensada por algo que os outros dificilmente alcançavam apesar dos seus múltiplos esforços. Sabia que existiam poucas como eu. Pessoas que atingiram a perfeição sem qualquer esforços ou buscas prolongadas. O segredo está em apreciar pequenas coisas que apesar de aparentemente parecerem insignificantes e vulgares, é nelas que reside toda a paz e perseverança que procuramos todos os dias.
Um homem vulgar tem a noção de que ter é poder, por isso o seu passatempo não é mais do que procurar, no mundo comercial, objectos que lhe agradem e confiram poder. Esse poder tem um rótulo de duração, um prazo de validade que ao ser atinguido o objecto é deixado para trás e esquecido. Isto acontece com todos os produtos do mercado. A validade alterna de produto para produto, mas o final é sempre o mesmo. Sendo assim, o homem é um “caçador” de objectos e a sua vida baseasse a isso. O problema é que os objectos não saciam a fome de estabilidade que o homem tanto procura. São apenas “aperitivos” para consular o estômago. Assim, vivemos num mundo consumista que ilude o homem e confunde a verdadeira serenidade.
Talvez seja difícil ao ser humano compreender isto, mas é na natureza que reside toda a perfeição e estabilidade e não no mundo futurista que construiu ao longo das décadas.
Agora sentada sobre a areia fria sinto que encontrei a estabilidade. Um momento que ninguém me poderia roubar, partilhado apenas com as gaivotas que procuravam restos de comida entre os grãos de areia e que por vezes tentavam acompanhar o canto do mar com as suas vozes desafinadas.
Confesso que torna-se um pouco difícil exprimir esta sensação de estabilidade. A única coisa que posso afirmar é que o tempo parece parar especialmente para nós, para que possamos guardar este momento.
Quando o Sol finalmente mergulhou nas profundezas do oceano e a noite se instalou sobre a praia, soube que era altura de partir. Ergui o meu corpo cansado e caminhei pelas dunas temendo voltar ao mundo complexo da sociedade.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Homenzinho verde


Contemplei aquela noite estrelada como uma criança cujo sonho é ser astronauta e tocar a superfície da lua, com uma forte expectativa de encontrar um pequeno homenzinho verde escondido nas crateras, sorrir-lhe gentilmente e esperar que esse sorriso sincero e modesto lhe seja retribuído. Apertar-lhe a mão fria, enquanto examina as suas antenas compridas.
Muitas crianças esperam impacientemente por este dia. O dia em que poderão desafiar as leis da física e conhecer um mundo de escuridão, onde a esperança reside no brilho cintilante das estrelas, que se aglomeram formando um mar de luz.
A noite era perfeita para observar o cosmos e as suas maravilhas. Durante o dia o Sol, com a sua luz intensa, esconde o manto de estrelas e astros que rodeiam o nosso planeta. Por vezes ainda é possível, com muita atenção e um céu limpo, avistar a lua com uma cor clara que facilita a sua camuflagem na coberta azul. Agora, devido às grandes cidades e à energia eléctrica, o brilho e encanto do cosmos perde-se. As luzes eléctricas acesas durante toda a noite são úteis, mas dispensáveis. Para além do consumo exagerado de energia, a magia de todo aquele manto de brilho é esquecido. Talvez muitas das pessoas das grandes cidades nem sequer saibam o que é de facto uma estrela. Provavelmente nunca tiveram oportunidade de se deitar sobre a erva queimada pelo Sol e apreciar o esplendor de um céu nocturno, onde podemos constatar que afinal o céu não é o limite, mas apenas o começo de um novo mundo para além da nossa imaginação.
Não sabemos o que se esconde atrás das nebulosas planetárias tão perto e ao mesmo tempo tão distantes. A sua imensidão ultrapassa-nos, escondendo dentro de si os mais profundos mistérios da vida e do mundo. Agora talvez a ideia das crianças que desejam ser astronautas e conhecer homenzinhos verdes não seja assim tão fictícia. Quem sabe o que se esconde na imensidão do cosmos? Os homenzinhos verdes, visto de esta perspectiva, já não se parecem só com um sonho. Afinal como alguns filósofos pensavam: é impossível ao homem conhecer. Compreendo aqueles que tomam esta posição. Mesmo com todo este avanço científico e tecnológico que se desenvolveu intensamente ao longo da existência humana, parece que ainda não alcançámos nem metade de todo o conhecimento que está armazenado como um tesouro de um navio afundado. É assim que vejo o conhecimento, como algo impossível de obter. Uma arca contendo um valiosíssimo tesouro pirata que se afundou juntamente com o navio numa noite assombrosa de tempestade. E mesmo que nos achemos muito inteligentes, porque sabemos isto ou aquilo, não temos de facto certeza absoluta de que o que dizemos conhecer seja verdade. Talvez um dia descubramos que todo o que existe esteja totalmente mal interpretado da nossa parte. Talvez todas as nossas certezas sejam uma fraude e uma loucura. Talvez, quem sabe? Essa é a questão. Como é que alguém pode conhecer a resposta a esta questão se o conhecimento é um tesouro afundado? Dúvidas e questões intermináveis sem qualquer resposta concreta e esclarecedora.
Abanei a cabeça de uma forma ridícula e exagerada na tentativa de abandonar o mundo das questões e voltei a concentrar-me na beleza da arquitectura da noite. Tudo tão simples e tão complexo ao mesmo tempo. Aprecio a disposição das estrelas no céu. Formando uma nuvem de pequenos pontos cintilantes dispersos aleatoriamente. Quando a examino com atenção, até sou capaz de criar linhas imaginárias na minha mente que unem os pequenos pontos formando uma imagem abstracta que apenas tem significado para mim.
Sentia o odor a relva queimada por baixo do meu corpo hirto, enquanto acompanhava os grilos e as cigarras no seu concerto nocturno, interpretando-o como uma melodia dedicada a mim. E embalada pela sua música encantadora fechei os olhos.
Sorri como se estivesse a saudar algum homenzinho verde do espaço e por momentos senti que algures, esse sorriso me estava a ser retribuído.