Um noite vazia, um ser desperto, confissões do espírito suspensas na brisa.
A lua e as estrelas, minhas únicas cúmplices.
O mundo prossegue o seu curso, indiferente, meramente como se eu não existisse.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mundo perdido


O beijo do vento roçou os rostos ocultos nas profundezas da vegetação, perdidos algures no mundo invisível que o homem parece não querer ver.
O vento é um eterno viajante que atravessa as terras perdidas sem receio, pois é livre e eterno. Com ele leva mensagens de esperança ou avisos de perigo.
Por vezes recados do mundo natural atingem o mundo civilizado, chamando os mais audazes e destemidos a visitá-lo. A deixar por momentos o mundo isolado do ser humano e penetrar nas profundezas do esquecido.
Um dos chamados fui eu. Chamada pelo vento e atraída para o desconhecido.
Nas terras perdidas senti-me uma intrusa. Num meio perfeito e puro, tão complexo e tão simples como um sonho de criança. Em equilíbrio.
Os seres escondidos na vegetação aproximaram-se num gesto curioso e miraram-me como uma estranha criatura vinda de outro mundo. Apesar de não me reconhecerem eu era sua irmã. Como todos os homens são irmãos de todos os seres vivos. Todos nós descendentes de um antepassado comum e agora tão distintos que nem nos reconhecemos.
Inspirei as essências do mundo perdido e o meu corpo levitou com a força do vento que arrastava consigo palavras da natureza para mim. Ouvia inúmeras vozes que se confundiam num turbilhão de sons harmoniosos e todas elas diziam num sussurro:
"Bem-vinda a casa..."

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